Confissões X

Como é que a beleza de Deus [da Mulher] me atrai como homem?

Santo Agostinho, no texto tem como objeto, Deus. Em minha livre interpretação de suas lindas palavras, gostaria de ler tendo como objeto a mulher.


Confissões, X

XXVII. 38 "Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova! Tarde demais eu te amei! Eis que habitavas dentro de mim e eu te procurava do lado de fora! Eu, disforme, lançava-me sobre as belas formas das tuas criaturas. Estavas comigo, mas eu não estava contigo. Retinham-me longe de ti as tuas criaturas, que não existiriam se em ti não existissem. Tu me chamas-te, e teu grito rompeu a minha surdez. Brilhaste, cintilaste, e tua luz afugentou a minha cegueira. Exalaste o teu perfume, respirando-o, suspirei por ti. Eu te saboreei, e agora tenho fome e sede de ti. Tu me tocaste, e agora estou ardendo do desejo da tua paz."

Confissões - Santo Agostinho (Capítulo X - XXVII. 38)

Da Morte - Por Epicuro




"Portanto, o mal que nos faz ter arrepios, ou seja, a morte, é nada para nós, a partir do momento que, quando vivemos, a morte não existe. E quando, ao contrário, existe a morte, nós não existimos mais. A morte, portanto, não se refere a nós, nem quando estamos vivos, nem quando estamos mortos, porque para os vivos ela não existe, e os mortos, ao contrário, não existem mais. Os outros, por sua vez, fogem por vezes da morte como do pior dos males; outras vezes procuram como alívio das desgraças da vida. O sábio, ao invés, nem rejeita a vida, nem teme o não viver mais; com efeito, a vida não lhe é molesta, e ele também não crê que a morte seja um mal."

Epicuro. Carta a Meneceu

No Flutuar da Vaidade



Sonho que sou a Poetisa eleita,
Aquela que diz tudo e tudo sabe,
Que tem a inspiração pura e perfeita,
Que reúne num verso a imensidade!

Sonho que um verso meu tem claridade
Para encher todo o mundo! E que deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudade!
Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!

Sonho que sou Alguém cá neste mundo...
Aquela de saber vasto e profundo,
Aos pés de quem a terra anda curvada!

E quando mais no céu eu vou sonhando,
E quando mais no alto ando voando,
Acordo do meu sonho...

                                E não sou nada!...


Florbela Espanca

Fausto fala a Mefistófeles - Goethe




Entendamo-nos bem. Não ponho eu mira 
na posse do que o mundo alcunha gozos. 
O que preciso e quero é atordoar-me. 
Quero a embriaguez de incomportáveis dores, 
a volúpia do ódio, o arroubamento 
das sumas aflições. Estou curado 
das sedes do saber; de ora em diante 
às dores todas escancaro nesta alma. 
As sensações da espécie humana em peso, 
quero-as eu dentro de mim; seus bens, seus males 
mais atrozes, mais íntimos, se entranhem 
aqui onde à vontade a mente minha 
os abrace, os tateie; assim me torno 
eu próprio a humanidade; e se ela ao cabo 
perdida for, me perderei com ela. [...]


Pelo poder da verdade, eu, enquanto viver, conquistarei o mundo.

(1765-75) Fausto - Goethe

Natureza em Sade

Filosofia na Alcova - Marques de Sade 

Muito da concepção que se tem por "sadismo" no popular, é estritamente obsoleta e defasada. É um termo somente para designar um fetiche sexual, mas não a proposta de Sade em si, que além de ser ao contrario do que a prática (sadismo = prazer pela dor do outro) hoje diz, vai muito mais além com o conceito de libertino/libertinagem. Seria mais ou menos o avesso de Rousseau, que a natureza não esta ao nosso favor e sim contra, e que o individuo só alcança a maturidade se abstendo/antecipando, da/para a dor, por ela (natureza) causada, isso sem entrar na parte critica politica (França, 1700 e la vai fumaça). Existem muitos pontos e contrapontos no filosofia libertina de Sade, que por mim, não vale atenuar pois só lendo para tirar conclusões próprias.
Mas da parte em que designei "suja" do livro, a mim, pareceu mais com uma grande sátira, uma afronta proposital e um desafio empregado para se entender a filosofia libertina! Em suma, é um excelente livro, principalmente para expandir a mente, e se ver de fronte com seus reais pudores e preconcei
tos.

Artur César

Partido das Luzes



Voltaire clama a vitória do Partido das Luzes: 

"Essa razão que tanto perseguimos avança todos os dias [...] Os jovens se formam, e aqueles que são destinados aos lugares mais elevados desfazem-se dos infames preconceitos que avaliam uma nação. Sempre haverá um grande número de tolos, e uma boa multidão de patifes. Mas os pensadores, mesmo em número pequeno, serão respeitados [...] Esteja certo de que tão logo as pessoas de bem se unam, nada mais poderá detê-las. É do interesse do rei, e do Estado, que os filósofos governem a sociedade... Chegou o tempo em que homens como você devem triunfar [...] Afinal, nosso partido já vence o deles em matéria de boa educação. "

Carta a Helvétius, em 15/09/1763